Quando
lemos o texto da mulher que tinha um fluxo de sangue havia 12 anos, em Lucas 8,
dos versos 43 ao 48, imediatamente nos vem à mente o quanto aquela mulher devia
ter fé. Sim, porque era a fé das pessoas que levava o Senhor Jesus a operar
milagres. Várias vezes Ele mesmo dissera “vai, a tua fé te salvou”.
Mas
será que aquela mulher despertou fé no exato momento que viu a Cristo Jesus ou
aquela atitude foi sendo construída na vida dela. Mesmo que, nesse caso, não
pareça que ela tivesse muito tempo de convivência com Jesus, ou talvez não
tivesse quase nenhum tempo, houve um processo que a levou a tomar a decisão de
tocar no vestido do Senhor.
Veja
que nem todos tocavam. Certamente existiam muitos enfermos na multidão, mas nem
todos tocavam em Cristo, nem todos criavam coragem para fazer isso.
Mas,
então, o que essa mulher pode nos ensinar a respeito disso? Qual seria o
ensinamento prático desse fato para nossas vidas como servos do Senhor?
Gostaria
de destacar algumas verdades contidas no texto, que podem ser muito bem
contextualizadas para a nossa realidade.
Hoje,
mais do que nunca, o povo evangélico precisa retornar à Palavra que ilumina. Há
muitos pregadores que, sinceramente, parecem animadores de auditório. Tem um
que conta piadas, divulga crônicas motivacionais como se fossem dele, diz ser o
pastor cheio de graça, tem um outro que fala besteira o tempo todo, para dizer
que se identifica com jovens, tem de todo tipo. O que não se vê com facilidade
hoje em dia são mensagens reveladas pelo Espírito Santo e que mexem com nossas
entranhas transformando-nos e nos conduzindo para perto do Senhor. E porque
isso está ocorrendo? Por que os pregadores de hoje estão misturando conceitos
daquilo que é espiritual com aquilo que é da alma? No meu entender é porque se
esqueceram da Palavra de Deus. Não se preocupam em deixar Deus iluminar e, para
não serem rotulados de fracos pregadores, apelam para coisas que são boas para nossa
alma.
Mas
por qual motivo eu estou falando disso quando iniciei falando da mulher com o
fluxo de sangue? Para apontar que Deus está nos revelando coisas tremendas e
gloriosas em textos simples e históricos como é o dessa mulher. Nessa história,
o Senhor nos ensina práticas que só nos fazem aproximar dele e derramam sua
virtude sobre nossas vidas. Nós conseguimos extrair dEle o seu amor,
conseguimos trazer da comunhão com Ele a virtude que nos transforma.
Ora,
o que levou aquela mulher a tomar aquela decisão? Foi alguém que chegou até ela
e gritou para que corresse atrás de Jesus e tocasse em sua orla? Não, não foi.
Em
Marcos, quando se repete o mesmo fato, está mencionado que ela ouviu falar. (Mc
5.27). Ela ouviu falar dos milagres, ela ouviu falar do seu amor, ela ouviu
falar do seu perdão, enfim, foi o ouvir falar que gerou vida dentro
dela. Mas o que isso nos mostra? Observe o que Paulo escreve aos romanos no
capítulo 10, verso 27: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir
pela palavra de Deus”
Veja
que a Bíblia nos dá o caminho para a fé. A palavra que nos orienta a todo o bom
caminho nos ensina que a fé é pelo ouvir. Ouvir o que? Ouvir a PALAVRA. De
algum modo, aquela mulher aplicou isso em sua vida. Ouvindo falar, nasceu fé
naquele coração.
Você
ouve pregações motivacionais, você ouve pregadores de avivamento que só falam
besteiras, você ouve palestras sobre relacionamento pessoal, familiar,
casamentos, enfim, você só tem ouvido o que não é PALAVRA. O segredo meu amigo
é a PALAVRA. É essa fé que vem pelo ouvir que vai despertar em você um
comportamento como o daquela mulher.
Além dela ter ouvido e despertado fé em seu coração, ela pensou para si mesma: “se tão somente eu tocar nas suas vestes serei
curada”. Como essa verdade entrou nela? Será que foi porque alguém ensinou? Até pode ter
ajudado, mas o fato é que ela ouviu falar e esse ouvir despertou nela a
disposição para tomar uma atitude. Que coisa gloriosa. Essa é a palavra que
leva pessoas a tocarem o Senhor.
Mas
temos que aprender outros fundamentos que nos ensina esse texto. Quero
destacar, além do ouvir e ouvir a PALAVRA e o PENSAR em algo para fazer,
algumas verdades que podem fazer a diferença em sua vida caso você queira que
saia virtude do Senhor a seu favor.
É necessário que você saia da
multidão e se torne um discípulo de Cristo Jesus.
Eu
vejo hoje as igrejas, os movimentos, as concentrações evangélicas que são
noticiadas diariamente como uma grande multidão. No meio da multidão não existe
virtude. No meio da multidão você jamais será discípulo. Veja que interessante:
a multidão sempre o seguia. Era algo constante (Mat 4.25). A multidão gosta de
se admirar das coisas de Deus. A multidão gosta de glorificar, de exaltar,
ficam perplexos com o que Deus faz, mas ainda é multidão (Mat 7.28).
Eu,
particularmente, acho essa característica da multidão uma coisa que se repete
claramente nos dias de hoje. Como sou de origem pentecostal, e muito
pentecostal, eu vejo hoje, muito claramente, como essas práticas dos pentecostais,
de modo geral, são características de quem está no meio da multidão. Se lermos
em Mateus 9.8, vamos verificar que a multidão maravilhava-se e glorificava a
Deus. Mas ainda era multidão. Não era discípulo. Que coisa tão triste. Quantos
estão frequentando igrejas, pensando que servem a Deus em verdade, mas ainda
estão na multidão. Fazem parte dos que estão mais afastados. São pessoas que
possuem uma aparência perfeita de crentes, gritam aleluias, fazem movimentos,
estão sempre nas igrejas com seus crachás, mas não atraem a virtude de Deus
para suas vidas. Não conseguem tocar o Senhor. Como isso é triste.
Mas,
na contrapartida, os discípulos, mesmo com seus problemas e personalismos,
eram os que sempre estavam próximos do Senhor (Mat 5.1). Um discípulo de Cristo
nunca se afasta. Ele segue ao Senhor bem do ladinho do Senhor. Essa é a realidade
da igreja? Em especial aqui no Brasil? Afirmo com toda a certeza profética que
não. A igreja brasileira é uma igreja de multidão. Uma igreja que não conhece a
Bíblia que usa e devia conhecer.
No
evangelho de João, no capítulo 8, o Senhor nos ensina, no verso 31, que seremos
discípulos se permanecermos na sua Palavra. Quantas vezes, em pregações, tive
que explicar certas historinhas bíblicas para não deixar a plateia perder o
contexto da pregação pelo fato de poucos saberem sobre o que eu queria que soubessem.
Como exemplo, a história de Raabe, de Ester, de Naamã e muitos não sabiam. Aí,
como pregador, tinha que explicar tudo de novo, para depois voltar à mensagem.
Isso é muito triste. Mas como não sou de rodeios quando prego, quero dizer uma coisa para
você meu leitor: você é discípulo do Senhor se a Palavra de Deus permanece em
você. Se a palavra não está em você, você não é discípulo, é multidão. Por isso
aquela mulher recebeu virtude. Ela deixou a multidão para se tornar uma
discípula. Ela deixou o povo para ser alguém que estivesse próxima do Senhor.
Um
discípulo também é aquele crente que dá fruto. Eu fico triste com o
comportamento de certos irmãos. Quando estão na igreja é Jeová daqui, Jeová de
lá, é pulinho aqui, pulinho lá, palavras bonitas e bem colocadas, mas tudo para
impressionar a carne. Como diz Paulo em Colossenses 2.23: “As quais têm, na verdade, alguma
aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do
corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.”
Óh, Senhor, venha ter
misericórdia de nós. Que palavra dura. Não servem para nada, a não ser para
satisfazer a carne. E, a bem da verdade, quando estão fora da igreja, o
testemunho é nulo. O fruto não existe. Não se engane meu irmão, você ainda é
multidão!
O
discípulo dá fruto.
Um
discípulo é conhecido por Jesus como um amigo. Ele mesmo disse: “vós sereis
meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”. (Jo 15.14)
Isso
é forte. O amigo (o discípulo – o que está do lado) faz o que Ele manda. Como
Jesus nos ordena? Pela PALAVRA. Não há outro modo (Heb 1.1). Mas a multidão já
não obedece. Não tem esse compromisso de obediência ao Senhor. Daí, pode-se
dizer quem é multidão e quem é discípulo.
A
mulher do fluxo de sangue deu frutos de fé. Ela agiu por uma fé que podia fazer
a diferença. Ela obedeceu à Palavra do Senhor.
Mas
por que ela criou coragem? Como aquilo pode fazer com que ela deixasse tudo ali
e fosse ao encontro de Cristo para tocar em suas vestes? Exatamente pela
Palavra. E ela ainda declarou isso: “se eu tocar nas suas vestes”. Como ela
podia ter essa certeza? Pela fé que o ouvir gerou nela. Como já citado, o texto
em Marcos nos mostra que ela ouviu falar e foi. Ninguém pode receber do Senhor
se não começar pela Palavra. É na Palavra que está a confiança, é pela Palavra
que somos lavados, é pela Palavra que recebemos as promessas, logo, quem
declara, quem fala, quem exerce sua fé só o faz segundo a Palavra. É por isso e
por alguns outros motivos que não é a palavra que falamos que tem poder, como
muitos já ensinaram e ensinam por aí. Não
há poder em suas palavras e nunca haverá. Aprenda isso. Isso é doutrina de nova era, de
esoterismo, de culto ao homem, do antropocentrismo, mas não doutrina bíblica.
Até porque, se nossas palavras tivessem poder só pelo fato de pronunciá-las, a gente ia limpar todos os
hospitais do Brasil, mandando os doentes para suas casas. Por que esses
pregadores que ensinam isso não vão aos hospitais e saem curando todos os
doentes lá? Por que a Palavra que tem PODER é a PALAVRA DE DEUS. Isso implica
em dizer que quando digo palavras humanas nada acontece. Quando digo a palavra
de Deus aí as coisas acontecem.
Todavia,
como alguém vai pronunciar palavra de Deus sem, no mínimo, ler a Bíblia? Josué
mesmo respondeu isso. Josué 1.8 nos mostra que se não meditarmos dia e noite na
palavra de Deus ela não estará em nossas bocas. O que Deus quer de nós é que
Suas palavras estejam em nossas bocas. Para que? Para usarmos em prol do seu
reino e da sua obra na terra.
É
pela palavra do Senhor que nascem nossas vitórias ou, também, nossas derrotas.
Veja em Provérbios 12.18 e 18.20.
Para
encerrar nossa meditação, quero enfatizar que, apesar de toda coragem e fé
daquela mulher, ela só tirou virtude de Cristo Jesus quando tocou nEle. Mas
esse ato foi gerado no coração dela. Ela pensou que se tocasse em Cristo seria
curada. Houve algo dentro dela que trabalhou a fé. Essa é a diferença da fé da multidão para a fé do discípulo.
Uma é emocional, vem de estímulos externos. A outra, ou seja, a que produz
resultado, vem de dentro de nosso coração. É gerada pela Palavra enxertada em
nós.
Se
por um lado esse agir traz a virtude de Deus para nós, por outro produz óbices,
produz inimigos. Ninguém queria saber da mulher. Saiba disso, toda vez que você
mostrar que é discípulo e der frutos de discípulos alguém se levantará contra
você. Não se engane.
Lembre-se
sempre disso: o que fez a mulher receber a virtude foi o fato de ter tocado no
vestido de Jesus, não de ter ouvido ou pensado ou falado. Você pode ouvir, você
pode crer em seu coração, você pode até falar sobre algo, mas se você não agir
não acontecerá nada! Tiago 2.22: a fé sem obras é morta!
Pr Aureo R V da Silva
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