quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Novo Nascimento IV

Ouvir a palavra é o primeiro passo para a conversão. O capítulo 10 da carta de Paulo aos romanos dedica especial atenção à pregação da palavra para a salvação:

Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (Rom 10. 13 a 17)

Um ensinamento extremamente valioso para nós é que, se aquele que ouve não crê e não aceita a palavra como ela é, isto é, não exerce fé naquela palavra que ouve, nada acontece com essa pessoa. O autor aos Hebreus, diz: “porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram”. Heb 4.2
Esse é o primeiro passo para o Novo Nascimento. Primeiramente, tem que existir a pregação das boas novas. É indispensável que haja uma palavra. Como ouvirão se não há quem pregue? O texto bíblico nos exorta que se não houver palavra, não houver pregação, não há salvação. Essa palavra, por sua vez, só produz resultado quando encontra fé naquele que ouve.
E onde entra o Espírito Santo nesse processo? Entendo que o Espírito Santo, após encontrar fé naquele que ouviu a Palavra, vai convencer aquela pessoa do estado pecaminoso que ela vive e da necessidade de crer no Senhor Jesus para salvação. Nesse ponto, começa a obra da regeneração em nossas vidas. Em João 16.8, lemos:

E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. (Jo 16.8)

Veja que esse processo de convencimento de pecado, convencimento da necessidade de se reconciliar com Deus (Rom 6.33) é feito pelo Espírito Santo. Eu fico extremamente inconformado e revoltado quando vejo igrejas inventando estratégias para converter o povo. Isso é besteira. A conversão é um processo que envolve 3 (três) elementos. Um pregador, um ouvinte e o Espírito Santo. A palavra precisa ser simples. Palavra de salvação. Quem convence o pecador, caso esse misture fé ao que ouve, é o Espírito Santo.
Desta forma, sem a ação do Espírito Santo não há Novo Nascimento.
Para ratificar essa ação do Espírito Santo no processo do Novo Nascimento, vou expor mais algumas ideias que reforçam essa doutrina e mostram essa verdade.
Em João 16:7-11, como já falado, Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo. O Espírito agirá como "promotor de Justiça", por assim dizer, trabalhando para conseguir uma condenação divina contra os que rejeitam a Cristo.
Convencer significa levar ao conhecimento verdades que de outra maneira seriam postas em dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta. Os homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seria inútil discutir com uma pessoa que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua incapacidade demonstraria falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um sentido de beleza; precisa ser "convencida" da beleza da flor.
Da mesma maneira, a mente e a alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e despertadas pelo Espírito Santo. Ele convencerá os homens das seguintes verdades:
(a) O pecado de incredulidade. Quando Pedro pregou, no dia de Pentecoste, ele nada disse acerca da vida licenciosa do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em detalhes sobre sua depravação para os envergonhar. O pecado do qual os culpou, e do qual mandou que se arrependessem, foi a crucificação do Senhor da glória; o perigo do qual os avisou foi o de se recusarem a crer em Jesus. Portanto, descreve-se o pecado da incredulidade como o pecado único, porque, nas palavras dum erudito, "onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse desaparece todos os demais desaparecem". É o "pecado mater", porque produz novos pecados, e por ser o pecado contra o remédio para o pecado. Assim escreve o Dr. Smeaton: "Por muito grande e perigoso que seja esse pecado, tal é a ignorância dos homens a seu respeito que sua criminalidade é inteiramente desconhecida até que seja descoberta pela influência do Espírito Santo, o Consolador. A consciência poderá convencer o homem dos pecados comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da enormidade desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo."
(b) A justiça de Cristo. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (João 16:10). Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu nome convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também era a fonte única e o caminho da justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu de que haviam crucificado o Senhor da Justiça (Atos 2:36, 37), mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome (Atos 2:38).
(c) O juízo sobre Satanás. "E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (João 16:11). Como se convencerão as pessoas na atualidade de que o crime será castigado? Pela descoberta do crime e seu subseqüente castigo; em outras palavras, pela demonstração da justiça. A cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida dos homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. (Heb. 2:14,15; l João 3:8; Col. 2:15; Rom. 16:20.) Satanás tem sido julgado no sentido de que perdeu a grande causa, de modo que já não tem mais direito de reter, como escravos, os homens seus súditos. Pela sua morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de Satanás, devendo estes aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito Santo de que na verdade são livres (João 8:36). Já não são súditos do tentador; já não são obrigados mais a obedecer-lhe, agora são súditos leais de Cristo, servindo-o voluntariamente no dia do seu poder. (Sal. 110:3.) Satanás alegou que lhe cabia o direito de possuir os homens que pecaram, e que o justo Juiz devia deixá-los sujeitos a ele. O Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o Mediador, havia levado o castigo do homem, tomando assim o seu lugar, e que, portanto, a justiça, bem como a misericórdia, exigiam que o direito de conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele, o Cristo, que era o seu segundo Adão e Senhor de todas as coisas. O veredito final divino foi contrário ao príncipe deste mundo — e ele foi julgado. Ele já não pode guardar seus bens em paz visto que Um mais poderoso o venceu. (Luc. 11:21, 22.)
A obra criadora do Espírito sobre o espírito do homem (nascer do Espírito é no espírito do homem) ilustra-se pela obra criadora do Espírito de Deus no princípio sobre o corpo do homem.
Voltemos à cena apresentada em Gên. 2:7. Deus tomou o pó da terra e formou um corpo. Ali jazia inanimado e quieto esse corpo. Embora já estando no mundo, e rodeado por suas belezas, esse corpo não reagia porque não tinha vida; não via, não ouvia, não entendia. Então Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Imediatamente tomou conhecimento, vendo as belezas e ouvindo os sons do mundo ao seu redor. Como sucedeu com o corpo, assim também sucede com nosso espírito. O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não está longe de nenhum de nós. (Atos 17:27.) No entanto, o homem vive e opera como se esse mundo de Deus não existisse, em razão de estar morto espiritualmente, não podendo reagir como devia. Mas quando o mesmo Senhor que vivificou o corpo vivifica a alma, faz seu espírito renascer, a pessoa desperta para o mundo espiritual e começa a viver a vida espiritual. Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum verdadeiro convertido, conforme a experiência radical (Novo Nascimento), sabe que a regeneração não é meramente uma doutrina, mas uma realidade prática.
Por isso, Jesus Cristo alertou: “quem não nascer de novo não pode entrar no reino de Deus”.
Como está sua vida e sua experiência com Deus? Você é uma pessoa que já nasceu de novo?

  Pr Aureo R V da Silva

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sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Novo Nascimento III

Nesta terceira parte desse complexo tema, quero me dedicar ao aspecto de nascer da água.
A maioria de pregações ou estudos que você acha ou lê aborda água como sendo o batismo. É muito simples e Jesus teria sido mais direto ao exemplificar essa questão. Ao contrário, ele diz que alguém que deseja entrar no reino de Deus tem que nascer de novo. O batismo seria apenas uma etapa na porta do arrependimento, mas o fato de nascer de novo é mais complexo, pois é um processo que leva a pessoa arrependida a morrer (sua natureza carnal) – e renascer em Cristo Jesus.  Esse é o primeiro ponto importante. Para nascer de novo, é preciso morrer.
A primeira, talvez uma das mais fortes alusões a isso no NT, está no livro de João, no capítulo 12, verso 24:

“Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.

Jesus falava de sua própria morte, mas a verdade aí contida é também para a sua igreja. Quem não morre não dá fruto. Essa é a grande diferença daqueles que nascem de novo e aqueles que não nascem. O fruto só aparece naqueles que nascem de novo. Por isso entendemos o que Paulo ensina quando diz “quem está em Cristo é nova criatura, tudo se fez novo e as coisas velhas se passaram”. Eu amo esse verso e ele é um grande desafio para mim para evitar as desculpas que criam quando observam que a maioria dos cristãos não dão frutos. Daí vêm todas as espécies de desculpas, para se justificar terapias evangélicas, cultos de cura da alma, cultos de casais, cultos disso e daquilo. É uma gama gigante de tentativas de se fazer aquilo que é obra do Espírito Santo: levar alguém à morte e gerar uma nova vida na pessoa. Ah, meus queridos, veja como estamos longe das verdades de Deus! Infelizmente.
Aquele que nasce de novo não tem passado. Estou falando em fé. Quem não é da fé acha doutrinas diversas para justificar suas coisas. Aqui, nós pregamos a sã doutrina, sem rugas, sem sofismas, de modo que pretendemos mostrar que estar em Cristo é estar com uma vida nova. Estar em Cristo é ter nascido de novo. Se nasceu de novo, então o passado passou! Quando essa fé não torna real essa palavra em nossas vidas, então nasce todo tipo de doutrina e dogmas para tentar fazer uma pessoa atingir um estado de graça. Terapias são válidas? São. Tratamentos são válidos? Sim, são. Palestras com psicólogos são válidas para crentes? Sim, são. Mas, meu irmão, não esqueça algo importante: isso tudo não são a Palavra de Deus, não podem, JAMAIS, fazer alguém novo. A Cruz, sim, faz alguém andar em novidade de vida. Paulo dizia que estava crucificado com Cristo e a vida que ele tinha era pela fé em Cristo Jesus (Gl 2.20). A nova vida só vem com a fé.
Mas, então, o que é a água? O nascer da água? O que seria isso. Em primeiro lugar, vou apontar alguns significados de água na Bíblia Sagrada e, depois, retorno ao assunto em pauta.
A água é o líquido presente em quase toda matéria viva. Deus é o criador de todas as fontes de água na terra (Ap 14:7), tão essencial à vida do homem, dos animais e da vegetação sobre a terra. (Êx 17:2, 3; Jó 8:11; 14:7-9; Sal 105:29; Is 1:30). Ele a provê e pode controlá-la. (Êx 14:21-29; Jó 5:10; 26:8; 28:25; 37:10; Sal 107:35). Deus fornecia água aos israelitas, até miraculosamente quando necessário (Êx 17:1-7; Ne 9:15, 20; Sal 78:16, 20; Is 35:6, 7; 43:20; 48:21); deu-lhes uma terra que tinha abundância de água (Dt 8:7); e prometeu abençoar sua reserva de água enquanto obedecessem a ele (Êx 23:25).
Há numerosas referências à água nas Escrituras, dando-lhe sentidos diferentes. As pessoas, em especial as massas inquietas, alienadas de Deus, são simbolizadas por águas. Babilônia, a Grande, em seu domínio por toda a terra, é mencionada como estando sentada “sobre muitas águas”. A visão de João sobre a grande meretriz explica que tais águas “significam povos, e multidões, e nações, e línguas”. — Ap 17:1, 15; compare isso com Is 57:20.
Devido ao poder da água como agente destruidor (provocando afogamentos, enxurradas ou efeitos similares), ela é frequentemente empregada como símbolo de alguma força destrutiva. (Sal 69:1, 2, 14, 15; 144:7, 8) É usada como símbolo de força militar em Jeremias 47:2.
A água era usada no tabernáculo, tanto para a limpeza física como em sentido simbólico. Na investidura no sacerdócio, os sacerdotes eram lavados com água, e, simbolicamente, espargia-se “água purificadora de pecado” sobre os levitas. (Êx 29:4; Núm 8:6, 7). Os sacerdotes lavavam-se antes de ministrar no santuário de Yehowah e antes de se chegar ao altar da oferta queimada. (Êx 40:30-32). Usava-se a água para lavar sacrifícios (Le 1:9) e em purificações cerimoniais. (Le 14:5-9, 50-52; 15:4-27; 17:15; Núm 19:1-22). A “água santa” usada em casos de ciúme, quando a esposa era suspeita de adultério, evidentemente era água pura, fresca, na qual se punha pó procedente do tabernáculo antes de ela bebê-la. — Núm 5:17-24.
Apenas por meio de Jesus Cristo, podemos obter vida eterna. Ele, Jesus, é o Pão vivo que desceu do céu, mas quando encontrou com a samaritana (Jo 4), Jesus disse a ela, junto a uma fonte perto de Sicar, que a água que ele daria tornar-se-ia em no interior do ser humano “uma fonte de água que salta para dar vida eterna”. — Jo 4:7-15.
O apóstolo João registra sua visão de “um novo céu e uma nova terra” em que viu um “rio de água da vida” fluir do trono de Deus. De cada lado deste rio havia árvores que produziam fruto, as folhas das árvores sendo usadas para curar as nações. (Ap 21:1; 22:1, 2) Depois de se completar este aspecto da visão, Jesus falou a João sobre o objetivo de ele enviar seu anjo com tal visão. Daí, João ouviu a proclamação: “E o Espírito e a noiva estão dizendo: ‘Vem!’ E quem ouve diga: ‘Vem!’ E quem tem sede venha; quem quiser, tome de graça a água da vida.” Forma-se, nesse conceito, uma ideia relativamente aceitável que o Senhor Jesus é, também, a água viva que transborda em nosso interior.
Usando uma figura de linguagem diferente ao escrever à congregação em Corinto, o apóstolo Paulo comparou a obra do ministro cristão à de um lavrador, que primeiro planta a semente, rega-a e cultiva-a, esperando, depois, que Deus faça a planta atingir a maturidade. Paulo levara as boas novas do Reino aos coríntios, plantando a semente no “campo” coríntio. Apolo veio depois, e, por seu ensino adicional, nutriu e cultivou a semente plantada, mas Deus, pelo seu espírito, causou o crescimento dela. Paulo usou esta ilustração para salientar o fato de que nenhum humano individual é, em si mesmo, importante, mas todos são ministros, cooperando como colaboradores de Deus. Aquele que é importante é Deus e ele abençoa tal trabalho, ou seja, sua própria igreja (1Co 3:5-9). Pela água, a igreja vai crescendo. Rega-se a igreja com água.
Um outro significado da água na Bílbia é a água que purifica. A igreja de Jesus é limpa à vista de Deus, como uma noiva casta para Cristo, o qual a purificou “com o banho de água por meio da palavra”. (Ef 5:25-27). Quando Paulo fala em regar, é obvio que está falando da Palavra também, vez que o que dá crescimento ao corpo de Cristo é sua palavra (Jo 17.17).  O autor da carta aos Hebreus também nos aponta para água como sendo a Palavra, que limpa e lava o crente. Ele nos ensina: “Visto que temos um grande sacerdote [Jesus Cristo] sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com corações sinceros na plena certeza da fé, tendo . . . os nossos corpos banhados com água limpa.” (He 10:21, 22). Esta limpeza de água limpa a que ele se refere é a limpeza feita pela Palavra do Senhor, única condição para nos manter limpos. O salmista deu esse segredo quando decretou: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” (Sl 119.11).
A água na Bíblia também é apresentada diversas vezes para a realização do batismo, como vemos desde o batismo do Senhor Jesus até os diversos outros irmãos que foram batizados na igreja primitiva.
Uma prova que a água que Jesus menciona para nascer de novo não é o batismo é o fato de milhares e milhares de pessoas ao redor do mundo serem batizadas diariamente e não apresentarem uma mudança qualquer em suas vidas.
Ora, Paulo aponta, junto com o escritor aos Hebreus, que Jesus referia-se à Palavra ao mencionar nascer da água. Por que afirmo isso com todas as letras? Primeiro porque o simples fato de ser batizado não é suficiente para dizermos que estamos diante de uma nova criatura. Ademais, se assim o fosse, o ladrão que estava com Jesus e se arrependeu podia muito bem não ser batizado. Eu prefiro evitar a afirmação que ele não era batizado, como fazem a maioria das pessoas, porque ele sabia tudo a respeito de Cristo Jesus e chamou Jesus de um modo que só as pessoas mais próximas o chamavam (rabi). O ladrão havia cometido crimes, mas poderia ter sido batizado antes de ser julgado, tendo conhecido Jesus anteriormente. Nesse caso, são 50% de probabilidades de ele ter sido ou não batizado. Na hipótese de não ter sido batizado, jamais Jesus iria dizer a ele que ele estaria com Cristo no paraíso, vez que ele não era batizado e, portanto, não havia nascido de novo. Deste modo, não poderia entrar no reino de Deus. Entendeu a correlação? Por isso, nascer da água, definitivamente, não é o batismo nas águas. Não é ser batizado. Nascer da água é nascer da Palavra.
É a Palavra de Deus que, penetrando no ser humano, traz luz para as nossas vidas e nos transforma. No seu trabalho com o Espírito Santo, a Palavra tem o poder de regenerar vidas e fazê-las novas.
Na sua segunda carta, Pedro nos ensina algo tremendo:

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”. II Pe 1.19

A Palavra é luz, isso todos sabem. Agora, Pedro nos traz algo interessante. A Palavra é como uma luz que alumia em lugar escuro e assim vai até que a estrela da alva (figura de Jesus) apareça em nossos corações. Ora, a obra da presença de Deus em nossas vidas, regenerando-nos é da Palavra. Sem Palavra, não há mudança. Guarde isso meu irmão: se não houver palavra de Deus enxertada em você, diariamente, não haverá transformações. Você pode fazer de tudo na igreja, mas as coisas velhas não morrerão e você não se transformará. Isso é obra da palavra de Deus.
Vou encerrar esta parte em que falo sobre o nascer da água, transmitindo umas concepções finais que estão em alguns versos no NT:
Somos selados com o Espírito Santo após recebermos a palavra da verdade. O Espírito Santo sempre vem e age quando tem Palavra. Daí o motivo de Jesus nos mostrar que o caminho do novo nascimento é Palavra (água) e Espírito Santo.

 “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. (Ef 1.13)

Paulo, quando escreve aos tessalônicos,  mostra-os que o Evangelho é palavra com Espírito. Não adiante alguém dizer que tem o Espírito Santo se não estiver enxertad na Palavra. A pessoa pode dizer, mas isso não pode acontecer. Se algo acontecer, sem Palavra, então não é Espírito Santo.

Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. (I Tess 1. 5) 
Paulo, ainda escrevendo aos tessalônicos,  mostra-os que a palavra de Deus opera naqueles que creem. Veja que é sublime isso. Isso é sobrenatural. Uma palavra, como Paulo nos esnina, que vem de Deus. Uma palavra não de homens (hoje é tanta palavra de homem), mas de Deus pode operar em nosso ser. É daí que vem a regeneração: desse operar de Deus pela Palavra dentro de nós.

Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes. (I Tess 2.13)

O próximo texto não deixa dúvidas quanto ao poder da Palavra para fazer ou melhor iniciar o processo do Novo Nascimento. Tiago nos ensina que o Senhor nos gerou pela Palavra da Verdade. Veja que não há uma insinuação sequer de água, quando Jesus fala em nascer de novo, como sendo o batismo. Não. E esses textos chegam para confirmar o que estou te ensinando. Regenerados pela Palavra.  

Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas. (Tiago 1.8)

A palavra tem que ser enxertada dentro de nós. Isso implica dizer plantada. Ora, tendo sido plantada ele vai crescer. Esse crescer do Senhor vai nos moldando e nos aproximando do caráter de Jesus Cristo. Observe, pela Palavra.

Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas. (Tg 1.21)

O próximo texto, mais uma vez,  não deixa dúvidas quanto ao poder da Palavra para fazer ou melhor iniciar o processo do Novo Nascimento. Ao nascer de novo, aqueles que pela fé recebem Jesus Cristo, são gerados pela Palavra de Deus viva. Essa Palavra permanece para sempre em nós. Mas tem que ser de novo gerados. Não adianta a pessoa ser convencida de seu erro e, emocionalmente, adotar uma medida para ser um cristão. Não é algo natural que promove essa mudança. É espiritual e pela Palavra, ou seja, pela água. Se não nascer pela água, não se regenera. Não regenerado não entra no reino de Deus.

Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. (I Pe 1.23)  

Na próxima palavra, vamos falar sobre o nascer do Espírito.
                
  Pr Aureo R V da Silva

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Novo Nascimento II



Quando se fala em Novo Nascimento, há um silêncio generalizado. Isso ocorre porque se analisarmos, friamente, que uma pessoa nasceu de novo e, depois de algum tempo, ela voltou à sua vida antiga, ou seja, desviou-se e voltou ao pecado, então, naturalmente, pensamos que ela não havia nascido de novo. Desta forma, o tema em si se torna um grande desafio para a Igreja de Cristo Jesus aqui nesta vida terrena.
Não adianta buscarmos entender as coisas de Deus com prismas materiais, terrenos ou teológicos. A compreensão da revelação que Deus nos dá é algo que vem do Senhor. Veja que, quando Oséias viveu sua experiência com o Senhor, Deus o ensinava sobre conhecimento. Logo no Cap 4.1, há uma menção sobre a contenda que Deus tinha com os habitantes da terra, pois não havia conhecimento de Deus. Conhecimento de Deus é algo trabalhado em nosso espírito e não em nossa mente. Paulo alerta-nos sobre isso quando diz:

“Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” I Cor 2. 10, 11 e 12.

Veja que ele nos mostra onde há o depósito das coisas que Deus nos revela. No nosso espírito. Mas como assim? Deus precisa se comunicar conosco e, por meio do Espírito Santo, ele traz conhecimento ao nosso espírito. Isso é poderoso para nos transformar.
Mas esse processo do conhecimento de Deus, no homem, só pode ocorrer se ele tiver nascido de novo. Aqui está o grande mistério do Novo Nascimento. Por isso, é possível entendermos as diversas vezes que a expressão “tornar a viver” é usada pelos apóstolos, em particular por Paulo. (Rom 6.8, Rom 6.10, Rom 8.13, II Cor 7.13, II Cor 13.4, Gal 2.19 e 20 e muitas outras passagens).
Esse processo é interessante, pois o próprio Senhor Jesus disse como ele ocorre. “Quem não nascer da água e do Espírito”.
Acontece que poucos se detém na busca por entender o que é nascer da água e do Espírito. Aqui é o Espírito Santo, pois se trata de um substantivo próprio e não o comum, que, então, seria o espírito do homem.
A realidade, então, é que, se uma pessoa não nascer da água e do Espírito, veja que não é nascer de um ou de outro, é preciso nascer tanto da água quanto do Espírito, essa pessoa não pode entrar no reino de Deus. Após compreender isso, pude entender muitas situações de homens e mulheres que passam a vida atrás de experiências e milagres e nunca se firmam na vida cristã. Passei a entender porque muitos trocam suas visões e suas convicções como se as coisas de Deus fossem estratégias de mercado. Passei a entender a oscilação que muitos enfrentam em suas vidas e não conseguem entrar nos propósitos do Senhor. Simples. São pessoas que não entendem as coisas do reino de Deus. Não se transformaram em súditos desse reino. A percepção que norteia a vida dessas pessoas é a mesma que norteia de um homem natural. Não nasceram de novo ou, se experimentaram em algum momento o novo nascimento (sobre isso eu vou falar mais à frente), aquilo ficou no passado, como Jesus mesmo ensinou, afirmando que a palavra não caiu em solo fértil. Quando nos deparamos com a compreensão do que é estar inserido no reino de Deus, tudo muda. A única razão de alegria em nossa vida se chama Cristo Jesus. A única fonte de vida que temos se chama Cristo Jesus. A única força que temos se chama Cristo Jesus. As coisas dos reinos desta terra alegram muitos cristãos, quando o que deveria ser motivo de alegria para eles é, tão somente, a presença do meigo Senhor Jesus. Isso é muito direto.
Hoje entendo os motivos e causas para tanta mudança nas igrejas. Embora os líderes tentem trocar o nome das mudanças para novas estratégias, nova visão, novo mover, restauração, renovação, novo agir de Deus, etc etc etc, a única coisa que explica tamanha falta de sincronia com a sã doutrina é a ausência da percepção e leitura que precisamos ter e fazer do reino de Deus, onde a única coisa que inclui tudo e é a única razão de tudo para nós se chama Jesus. Que coisa gloriosa quando o crente tem essa percepção! Por exemplo, você já ouviu a expressão balada evangélica, não ouviu? Qual a razão disso? Eu até entendo essa estratégia dos líderes, pois, assim, ao menos, eles seguram os jovens na igreja e, afinal, se você dançar e girar seu corpo ao som de música “dance” e outras não há mal nenhum nisso, eles afirmam. Mas quando olhamos para o prisma do novo nascimento, do entrar no reino de Deus, ou seja, aquilo que eu desejo, aquilo que eu sonho, aquilo pelo qual tenho forças para lutar, aquilo que representa tudo em minha e entendo que é Jesus Cristo, autor e consumador da vida, então nada mais faz sentido. A contrapartida é que se isso não é uma realidade em minha vida, ou seja, se eu, de fato, não nasci de novo e não tenho a marca da “cultura” do reino de Deus, então essas coisas (“estratégias”) passam a ter sentido lógico para mim.
Após “cair minha ficha” sobre essa questão, qual seja, o novo nascimento produz valores novos no ser humano, o novo nascimento te dá o prisma de Deus, o novo nascimento te coloca em “novos ambientes culturais”, e outras, eu entendi claramente o que Paulo nos ensina em Colossenses 3, a partir do verso primeiro:
                
“PORTANTO, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” Col 3. 1 ao 14.

Se atentarmos aos trechos que sublinhei, surpreendemo-nos com tamanha dificuldade que é viver nessa dimensão de novas criaturas. Mas, o que Paulo está dizendo ali é exatamente isso: “se já nascestes de novo, buscai as coisas que são de cima, pensai nas coisas que são de cima. Óh, meus amados irmãos, quando vejo pregadores preocupados em ensinar táticas de sucesso, passos para pessoas se tornarem grandes pessoas vencedoras, etc etc, me paro a pensar exatamente nisso: sou nova criatura, minha alegria está nas coisas que são de cima e não nas que são desta terra e, com isso, apenas lamento a falta de graça nos dias atuais em se trazer revelações do trono de Deus para que o povo se alimente com o pão dos céus. Muitos, na dificuldade de se ministrar aquilo que vem do alto, apelam para mensagens programadas, formatadas, enlatadas, apelam para a emoção, para o intelecto, enfim, deixam o mais puro caminho da verdadeira vitória: a palavra que se renova a cada fração de segundo e que esquenta em nossos espíritos. Isso é para novas criaturas!
Meus irmãos, qual a razão para muitos crentes em Jesus estarem em um salão, dançando ao som de “dance” com copos de sucos ou guaraná (muitos que defendem isso o fazem justificando que é um ambiente familiar, sem bebidas alcoólicas, sem brigas, etc etc)? Ora, então se eu for a uma boate mundana e eu não beber nada que seja alcoólico, não me envolver em brigas e não me prostituir, então eu não fiz nada errado? Claro que não fiz, pois meu erro é atribuir um valor de alegria, um valor de felicidade a algo que é desta terra, quando eu deveria estar buscando as coisas que vem do alto. Fico vendo essa influência mundana da psicologia nas coisas de Deus, em especial quando se trata de comportamentos. Alguns pregadores afirmam categoricamente que precisamos ter tempo para o entretenimento, que está provado pela ciência que isso é bom para o homem e, com base, nisso defendem muitas práticas que são, de fato, sensuais, carnais e que só servem para alimentar a carne. Nossa alegria, irmãos, nossa satisfação, nosso entretenimento se chama Jesus Cristo. Ele, sim, é nossa maior razão para estarmos vivos! Mas se você não vive na esfera, na dimensão do reino de Deus, você jamais se aquentará com um simples versículo (quando Deus te dá algo especial por meio de um único verso), você jamais entenderá que não precisa de estratégias ou entretenimentos e será um desses que se “ajeita” em balada evangélica, em “funk” cristão, em “shows gospel” etc etc etc.
Na próxima palavra, vamos entrar nos aspectos água e Espírito.
                
  Pr Aureo R V da Silva

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