segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lampejos de Apostasia



Na segunda carta aos Tessalonicenses, Paulo faz uma exortação muito interessante a respeito de um período anterior à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele escreve (II Tes 2.1 ao 4):
“ORA, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”.
Gostaria de destacar alguns pontos nessa exortação de Paulo. Ele diz para que não nos movamos facilmente em nosso entendimento e, ainda, exorta para que ninguém nos engane.
Eu ainda irei escrever muito neste blog sobre o engano e a apostasia (cair dos fundamentos) da igreja do Senhor Jesus, em particular aqui no Brasil. Nesse momento, vejo a importância dessas ideias que destaquei nas palavras do apóstolo Paulo. Não nos mover facilmente em nosso entendimento e não ser enganado por ninguém.
Em Prov 14.15, o sábio nos dá um brilhante ensinamento: “O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.” Enfatizo que o texto original diz "ingênuo" ao invés de simples. Essa seria uma tradução melhor. Com esse texto, faço menção a Atos 17.11, que atribui o adjetivo de nobres aos crentes que verificavam nas Escrituras se as coisas que Paulo pregava eram como ele estava mesmo dizendo.
Meu amigo (a), você atenta para seus passos? Ou você seria aquele tipo “Maria-vai-com-as outras”? Veja que Paulo recomendou aos tessalonicenses para que eles não se movessem facilmente da fé. Isso nos mostra que, se alguém não está fundamentado, pode se mover facilmente da fé, ou melhor, do fundamento que foi colocado.
Para que alguém nos engane, não é difícil. Basta que sejamos ingênuos e imprudentes (nesse ponto, cabe salientar que ingênuo refere-se aquela pessoa cuja base e fundamento são rasos, não possuindo raízes na Palavra de Deus. Por isso, são "bobinhos" - ingênuos - acreditam em tudo). Os bereanos, como já dito, foram considerados mais nobres porque conferiam o que lhes era ministrado. Assim, mesmo que não sejamos pessoas ingênuas, se não formos prudentes para conferir o que foi ensinado, o que foi lido, o que foi pregado, enfim, aquilo que nos passaram, mesmo tendo boas raízes, seremos ENGANADOS.
Certa ocasião, em 2011, eu estava fazendo uma conferência em uma igreja na cidade de Resende-RJ, sobre um livro de minha autoria, denominado “Ele Virá”, quando, em certa parte da preleção, apresentei alguns slides de pessoas que haviam anunciado datas para o arrebatamento da Igreja e mostrei que aquelas pessoas estavam falando de algo que o próprio Senhor Jesus disse ser uma atribuição do Deus Pai. Ora, isso quem faz é um verdadeiro profeta ou um falso profeta? Apenas mencionei desta forma. Ao término daquela reunião, uma irmã muito sincera e que me parecia bem informada da Bíblia veio até mim para defender a tal pessoa. Eu apenas disse àquela irmã que o fundamento dela era JESUS e não pessoas. Eu mostrei a ela que pessoas se enganam e que, naquele caso, aquela missionária (Valnice Milhomens) havia cometido um deslize muito sério. A irmã não aceitou. Ficou defendendo a referida pregadora.
Vou dar outro exemplo. O Pr César Augusto, líder da Igreja Fonte da Vida, escreveu um livro em 2006, intitulado Restauração Apostólica, onde só existem heresias. O livro está recheado de pontos de uma falsa doutrina americana, conhecida por “Kingdom Now”, reino agora, em que as principais ênfases é que a volta de Jesus está muito distante e que o Reino de Deus será implantado fisicamente pela igreja aqui nessa terra. Veja o que ele diz na página 61, no 2º parágrafo: “O povo apostólico vai ser canal desta revelação do pleno conhecimento do Filho de Deus. Você percebe que Jesus está longe de voltar, porque seu povo sequer se aproximou do padrão que o Senhor estabeleceu à Igreja.”
Leu isso? Está no livro. Eu o tenho. Muito bem. Vamos à Bíblia? Abra sua Bíblia comigo. Vamos ao livro de Efésios. Em Efésios 4, dos versos 11 ao 14, Paulo escreveu o seguinte:
“11  E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, 12  Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; 13  Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, 14  Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.”
Ora, são os dons do ministério (v 11) que vão aperfeiçoar o homem e mulher de Deus (v 12), para que esses realizem a obra do Senhor, com o objetivo de edificar o corpo de Cristo. Com isso, todos (esse é o propósito dos dons do ministério) deverão ser aperfeiçoados e chegarão ao pleno conhecimento de Cristo Jesus. Mas o próprio texto ensina o que é isso e para que isso deve ocorrer. A finalidade disso é que não sejamos meninos inconstantes na fé, facilmente enganados e levados por ventos de doutrina.  Paulo está falando justamente sobre a defesa de nossa fé, o amadurecimento para não ser enganado. O Pr César Augusto afirma que o POVO APOSTÓLICO vai ser o canal disso. Veja a sutileza. Trocou o texto. Mudou as escrituras.
Na outra frase, ele afirma que JESUS ESTÁ LONGE DE VIR, PORQUE O POVO NÃO SE APROXIMOU DO PADRÃO QUE O SENHOR ESTABELECEU À IGREJA. Amados, embora todo aquele que se converte a Jesus ouça diariamente que o Senhor está às portas, como isso passa sutilmente pelos seus membros e líderes? Porque eles são facilmente movidos em sua fé. Aquilo que já expliquei.
Ora, vejamos alguns outros textos sobre a vinda do Senhor. Pedro nos exortou, em sua segunda carta, dizendo no capítulo 3:
11 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. 10  Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.
Puxa vida, como alguém pode dizer que a Vinda do Senhor está longe? Olhe que o texto diz: “ainda que alguns a têm por tardia”. Meu Deus. Esse homem está se enquadrando nessa parte do texto, está tendo a vinda de Cristo como tardia. Misericórdia!
Mas, e Jesus, o que disse sobre sua vinda? Vou apresentar algumas palavras de Jesus Cristo, retiradas do livro da Revelação:
Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Apoc 3.11.
Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas. Apoc 16.15
Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. Apoc 22.7
E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apoc 22.12
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus. Apoc 22.20
Se o Senhor Jesus está dizendo em TODAS suas PALAVRAS que CEDO VEM, como alguém pode dizer que sua volta vai demorar? Ainda que todo o povo de Deus fosse carnal, qual autoridade tem um homem ou uma mulher para mudar algo que foi dito por JESUS? É assim que se rechaça toda mentira e engano. É assim que não seremos enganados, você percebe isso? Percebes a sutileza do engano. Não penses que o engano são as seitas. Elas são facilmente rebatidas. Mas lembre-se que a maioria começou com enganos e doutrinas malignas. Compare o texto do livro que mencionei nessa mensagem com o texto da Palavra de Deus. A escolha de qual lado ficar é sua!
Vou finalizar essa primeira parte sobre apostasia, lembrando o que o próprio JESUS disse em Apocalipse 22. 18 e 19:
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.”

Aureo R V Silva

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domingo, 29 de setembro de 2013

Haja Luz!



Gênesis 1. 1 ao 3
1  No princípio criou Deus os céus e a terra.
2  E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3  E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
Embora a Palavra de Deus diga que a terra era sem forma e vazia, não há no texto nenhuma referência que Deus a tenha criado vazia, ao contrário, em Isaías 45.18, o profeta afirma que Deus não criou a terra vazia, ao contrário, a fez para que fosse habitada. Observe que aparentemente há uma contradição no versículo 2 do primeiro capítulo da Bíblia. Entretanto, mesmo não recorrendo aos teólogos, que afirmam existir milhares de anos entre o verso 1 e 2, há que se ressaltar que algo estranho fez com que a terra ficasse vazia. O texto em Isaías nos ensina: “Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro”.
Veja que Deus tinha um propósito ao criar a terra: que ela fosse habitada. Ela não era sem forma e não foi criada vazia. Logo, houve um momento que a terra passou a ficar vazia e sem forma alguma. Ora, esse trabalho de tornar as coisas vazias e sem forma é uma obra característica do diabo. Ele que transforma as coisas bem formadas em coisas disformes.
Jesus afirma que viu Satanás caindo do céu como um raio (Lucas 10.18). Significa, então, de fato, que ele caiu, pois Jesus afirma isso. Logo, sua queda à terra trouxe escuridão e deformidade à terra, que estava pronta para ser habitada. Ele, diabo, vem matar, roubar e destruir. (João 10.10).
Assim, aquilo que Deus havia criado com beleza, com condições totais para ser habitada (a terra), agora já estava sem forma e vazia.
A maior luta que muitos cristãos enfrentam hoje é o fato de suas vidas estarem sem forma e vazias. Isso é o que ocorre com a maioria da população também: andam sem forma e vazios. Existe uma incidência cada vez maior das doenças da alma, medos, angústias, depressões, etc etc etc. Há um vazio terrível que assombra as pessoas.
Observemos no verso 2 que, mesmo estando sem forma e vazia, o Espírito de Deus movia-se sobre a face das águas. Algo de sobrenatural ia acontecer pela ação do Espírito. O poder criador ia ser manifesto pela presença do Espírito.
É interessante atentarmos para o fato de que um pequeno texto contém tantas doutrinas bíblicas. Vemos Deus, vemos o Espírito, vemos a ação maligna do diabo, vemos o propósito de Deus, enfim, em apenas dois versículos que parecem não ter nada, tem tudo.
No verso 3, vem o que falta nos dois primeiros.
“E disse Deus: Haja luz; e houve luz” Oh glória a Deus por essa palavra. Essa palavra queima no coração quando a retemos com amor e fé. Veja, amado, que são três versículos aparentemente sem nada neles, apenas o início, qual seja o gênesis, mas, contrariamente ao que possamos enxergar, ele contém até mesmo a doutrina da salvação.
Quando o texto diz disse Deus, logo nos vêm à memória algumas outras passagens que nos revelam o que é esse DIZER de Deus.
O texto no evangelho de João, capítulo primeiro, do verso 1 ao 5 está escrito:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.  E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”
Em Isaias, veremos no capítulo 9, verso 2 o seguinte texto: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz” e em I de Pedro, no capítulo 1, versos 17, 18 e 19, temos:
“Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo;  E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.”
Ora, meu querido (a), o DISSE de Deus, na criação, era – nada, nada -, o VERBO, a PALAVRA, era o Senhor Jesus presente na Criação do Mundo. Paulo em Colossenses confirma o texto de João: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.” Col 1.16 e 17.
Então, se Deus disse Haja LUZ, a manifestação do Verbo estava lá também. Era LUZ que precisava surgir para desfazer as trevas geradas pela presença satânica. Deus não criou trevas, o diabo as estabeleceu. Deus não criou o vazio, o diabo, sim. O profeta Isaias teve essa revelação, pois ele afirmara que o povo que andava em trevas viu uma grande luz, em analogia à obra da criação. Nas trevas, Deus precisou dizer: HAJA LUZ. E o que aconteceu?
HOUVE LUZ. Esse poder criador de Deus (do verbo bara em hebraico) é que gerou vida, por meio do VERBO (vide o texto de Colossenses, tudo feito por ele e para ele), e foi suficiente para trocar o cenário da deformidade e do vazio em LUZ. O agir do VERBO deu VIDA à terra.
Se sua vida está sem forma e vazia, se estás mergulhado nas trevas das enfermidades, das angústias, do medo, das depressões, enfim, seja lá qual for o VAZIO, a DEFORMIDADE, a ESCURIDÃO de sua vida, faça como Deus fez na criação: USE O VERBO. Ministre LUZ nas suas trevas. Diga HAJA LUZ e a LUZ surgirá na sua saúde, no seu trabalho, na sua família, apenas deixe o BARA de DEUS entrar em ação por meio do VERBO. HAJA LUZ! HAJA LUZ! E HAVERÁ LUZ!
É por meio de JESUS CRISTO, como nos ensinou Pedro, que a LUZ entrará em sua vida. Entenda que a obra de Jesus é algo completo, é algo que, por si, só nos preenche. DEIXE ESSA LUZ entrar hoje mesmo e use o Verbo de Deus: HAJA LUZ!
Aceite isso e mude o cenário de sua vida. Ministre LUZ à sua vida. Retenha o Verbo no seu coração, junto de ti. O salmista foi claro, em Salmos 18.28: Porque tu acenderás a minha candeia; o SENHOR meu Deus iluminará as minhas trevas.

Aureo R V Silva

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sábado, 28 de setembro de 2013

Os atributos de Deus

(**)
Sendo Deus um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como ele é. No entanto, ele bondosamente revelou-se mediante linguagem compreensível a nós. São as Escrituras essa revelação. Por exemplo, Deus diz acerca de si mesmo: "Eu sou Santo"; portanto, podemos afirmar: Deus é Santo. A santidade, então, é um atributo de Deus, porque a santidade é uma qualidade que podemos atribuir ou aplicar a ele. Dessa forma, com a ajuda da revelação que Deus deu de si mesmo, podemos regular os nossos pensamentos acerca de Deus. Qual a diferença entre os nomes de Deus e os seus atributos? Os nomes de Deus expressam as qualidades do seu ser inteiro, enquanto os seus atributos indicam vários aspectos do seu caráter. Muito se pode dizer de um ser tão grande como Deus, mas facilitaremos a nossa tarefa se classificarmos os seus atributos.
Compreender a Deus em sua plenitude seria tão difícil como encerrar o Oceano Atlântico numa xícara; mas ele se tem revelado a si mesmo o suficiente para esgotar a nossa capacidade. A classificação seguinte talvez nos facilite a compreensão: 1. Atributos sem relação entre si, ou seja, o que Deus é em si próprio, à parte da criação. Estes respondem à pergunta: quais são as qualidades que caracterizavam a Deus antes que alguma coisa existisse? 2. Atributos ativos, ou seja, o que Deus é em relação ao universo. 3. Atributos morais, ou seja, o que Deus é em relação aos seres morais por ele criados.

1. Atributos não relacionados (a natureza íntima de Deus).

(a) Espiritualidade. Deus é Espírito. (João 4:24). Deus é Espírito com personalidade; ele pensa, sente e fala; portanto, pode ter comunhão direta com suas criaturas feitas à sua imagem.
Sendo Espírito, Deus não está sujeito as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico. Ele não possui partes corporais nem está sujeito às paixões; sua pessoa não se compõe de nenhum elemento material, e não está sujeito às condições de existência natural. Portanto, não pode ser visto com os olhos naturais nem apreendido pelos sentidos naturais. Isto não implica que Deus leve uma existência sombria e irreal, pois Jesus se referiu à "forma" de Deus. (João 5:37; vide Fil. 2:6.) Deus é uma Pessoa real, mas de natureza tão infinita que não se pode apreendê-lo plenamente pelo conhecimento humano, nem tampouco satisfatoriamente descrevê-lo em linguagem humana. "Ninguém jamais viu a Deus", declara o apóstolo João (João 1:18; vide Êxo. 33:20); no entanto, em Êxo. 24:9,10 lemos que Moisés, e certos anciãos, "viram a Deus". Nisto não há contradição; João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como ele é. Mas sabemos que o Espírito pode manifestar-se em forma corpórea (Mat. 3:16); portanto, Deus pode manifestar-se duma maneira perceptível ao homem. Deus também descreve a sua personalidade infinita em linguagem compreensível às mentes finitas; portanto, a Bíblia fala de Deus como ser que tem mãos, braços, olhos e ouvidos, e descreve-o como vendo, sentindo, ouvindo, arrependendo-se, etc. Mas Deus também é insondável e inescrutável. "Porventura... chegarás à perfeição do Todo-poderoso?" (Jo 11:7) — e nossa resposta só pode ser: "não temos com que tirar, e o poço é fundo" (João 4:11), usando a expressão da mulher samaritana.
 (b) Infinitude. Deus é Infinito, isto é, não está sujeito às limitações naturais e humanas. A sua infinitude é vista de duas maneiras: (1) em relação ao espaço. Deus caracteriza-se pela imensidade (1 Reis 8:27); isto é, a natureza da Divindade está presente de modo igual em todo o espaço infinito e em todas as suas partes. Nenhuma parte existente está separada da sua presença ou de sua energia, e nenhum ponto do espaço escapa à sua influência. "Seu centro está em toda parte e sua circunferência em parte nenhuma." Mas, ao mesmo tempo, não devemos esquecer que existe um lugar especial onde sua presença e glória são reveladas duma maneira extraordinária; esse lugar é o céu. (2) Em relação ao tempo, Deus é eterno. (Êxo. 15:18; Deut. 33:27; Nee. 5:5; Sal. 90:2; Jer. 10:10; Apoc. 4:8-10.) Ele existe desde a eternidade e existirá por toda a eternidade. O passado, o presente e o futuro são todos como o presente à sua compreensão. Sendo eterno, ele é imutável — "o mesmo ontem, hoje, e eternamente". Esta é para o crente uma verdade confortadora, podendo assim descansar na confiança de que "O Deus da antiguidade é uma morada, e por baixo estão os braços eternos" (Deut. 33:27).
 (c) Unidade. Deus é o único Deus. (Êxo. 20:3; Deut. 4:35,39; 6:4; 1 Sam. 2:2; 2 Sam. 7:22; 1 Reis 8:60; 2 Reis 19:15; Nee. 9:6; Isa. 44:6-8; 1 Tim. 1:17.) "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." Era esse um dos fundamentos da religião do Antigo Testamento, sendo também essa a mensagem especial a um mundo que adorava a muitos deuses falsos. Haverá contradição entre este ensino da unidade de Deus e o ensino da Trindade do Novo Testamento? É necessário distinguir entre duas qualidades de unidade — unidade absoluta e unidade composta. A expressão "um homem" traz a idéia de unidade absoluta, porque se refere a uma só pessoa. Mas quando lemos que homem e mulher serão "uma só carne" (Gên. 2:24), essa é uma unidade composta, visto que se refere à união de duas pessoas. Vide também Esd. 3:1; Ezeq. 37:17; estas referências bíblicas empregam a mesma palavra para significar "um só" ("echad" na língua hebraica) como se usa em Deut. 6:4. Existe outra palavra ("yachidh" no hebraico) que se usa para exprimir a idéia de unidade absoluta. (Gên. 22:2, 12; Amós 8:10; Jer. 6:26; Zac. 12:10; Prov. 4:3; Jui. 11:34.) A qual classe de unidade se refere Deut. 6:4? Pelo fato de a palavra "nosso Deus" estar no plural (ELOHIM no hebraico), concluímos que se refere à unidade composta. A doutrina da Trindade ensina a unidade de Deus como unidade composta, inclusive de três Pessoas Divinas unidas na essencial unidade eterna.

2. Atributos ativos (Deus e o universo).

(a) Onipotência. Deus é onipotente. (Gên. 1:1; 17:1; 18:14; Êxo. 15:7; Deut. 3:24; 32:39; 1 Crôn. 16:25; Jo 40:2; Isa. 40:12-15; Jer. 32:17; Ezeq. 10:5; Dan. 3:17;4:35; Amós 4:13; 5:8; Zac. 12:1; Mat. 19:26; Apoc. 15:3; 19:6.) A onipotência de Deus significa duas coisas:
1) Sua liberdade e poder para fazer tudo que esteja em harmonia com a sua natureza. "Pois para Deus nada será impossível." Isto naturalmente não significa que ele possa ou queira fazer alguma coisa contrária à sua própria natureza — por exemplo, mentir ou roubar; ou que faria alguma coisa absurda ou contraditória em si mesma, tal como fazer um circulo triangular, ou fazer água seca.
2) Seu controle e sabedoria sobre tudo que existe ou que pode existir. Mas sendo assim, por que se pratica o mal neste mundo? É porque Deus dotou o homem de livre arbítrio, cujo arbítrio Deus não violará; portanto, ele permite os atos maus, mas com um sábio propósito de, finalmente, dominar todo o mal. Somente Deus é Todo-poderoso e até mesmo Satanás nada pode fazer sem a sua permissão. (Vide Jó caps. 1 e 2.) Toda a vida é sustentada por Deus. (Heb. 1:3; Atos 17:25, 28; Dan. 5:23.) A existência do homem é qual som de nota de harmônio que soa enquanto os dedos comprimem as teclas. Assim, sempre que a pessoa peca, está usando o poder do próprio Criador para ultrajá-lo. Todo pecado é um insulto contra Deus.
(b) Onipresença. Deus é onipresente, isto é, o espaço material não o limita em ponto algum. (Gên. 28:15, 16; Deut. 4:39; Jos. 2:11; Sal. 139:7-10; Prov. 15:3,11; Isa. 66:1; Jer. 23:23,24; Amós 9:2-4,6; Atos 7:48,49; Efés. 1:23.)
Qual a diferença entre imensidade e onipresença? Imensidade é a presença de Deus em relação ao espaço, enquanto onipresença é sua presença considerada em relação às criaturas. Para suas criaturas ele está presente nas seguintes maneiras:
    1) Em glória, para as hostes adoradoras do céu. (Isa. 6:1-3.)
    2) Eficazmente, na ordem natural. (Naúm 1:3.)
  3) Providencialmente, nos assuntos relacionados com os homens. (Sal. 68:7, 8.)
    4) Atentamente, àqueles que o buscam. (Mat. 18:19, 20; Atos 17:27.)
   5) Judicialmente, às consciências dos ímpios. ( Gên. 3:8; Sal. 68:1, 2.) O homem não deve iludir-se com o pensamento de que existe um cantinho no universo onde possa escapar à lei do seu Criador. "Se o seu Deus está em toda parte, então deve estar também no inferno", disse um chinês a um cristão na China. "Sua ira sim está no inferno", foi a pronta resposta.
    6) Corporalmente em seu Filho. "Deus conosco" (Col. 2:9).
    7) Misticamente na igreja. (Efés. 2:12-22.)
   8) Oficialmente, com seus obreiros. (Mat. 28:19, 20.) Embora Deus esteja em todo lugar, ele não habita em todo lugar. Somente ao entrar em relação pessoal com um grupo ou com um indivíduo se diz que ele habita com eles.
 (c) Onisciência. Deus é onisciente, porque conhece todas as coisas. (Gên. 18:18,19; 2 Reis 8:10,13; 1 Crôn. 28:9; Sal. 94:9; 139:1-16; 147:4-5; Prov. 15:3; Isa. 29:15,16; 40:28; Jer. 1:4-5; Ezeq. 11:5; Dan.2:22,28; Amós 4:13; Luc. 16:15; Atos 15:8, 18; Rom. 8:27, 29; 1 Cor. 3:20; 2 Tim. 2:19; Heb. 4:13; 1 Ped. 1:2; 1 João 3:20.) O conhecimento de Deus é perfeito, ele não precisa arrazoar, ou pesquisar as coisas, nem aprender gradualmente — seu conhecimento do passado, do presente e do futuro é instantâneo.
Há grande conforto na consideração deste atributo. Em todas as provas da vida o crente tem a certeza de que "vosso Pai celestial sabe" (Mat. 6:8). A seguinte dificuldade se apresenta a alguns: sendo Deus conhecedor de todas as coisas, ele sabe quem se perderá; portanto, como pode essa pessoa evitar o perder-se? Mas a presciência de Deus sobre o uso que a pessoa fará do livre arbítrio não obriga a escolher este ou aquele destino. Deus prevê sem intervir.
 (d) Sabedoria. Deus é sábio. (Sal. 104:24; Prov. 3:19; Jer. 10:12; Dan. 2:20,21; Rom. 11:33; 1 Cor. 1:24, 25, 30; 2:6, 7; Efés. 3:10; Col. 2:2, 3.) A sabedoria de Deus reúne a sua onisciência e sua onipotência. Ele tem poder para levar a efeito seu conhecimento de tal maneira que se realizem os melhores propósitos possíveis pelos melhores meios possíveis. Deus sempre faz o bem de maneira certa e no tempo certo. "Ele fez tudo bem." Esta ação da parte de Deus, de organizar todas as coisas e executar a sua vontade no curso dos eventos com a finalidade de realizar o seu bom propósito, chama-se Providência. A divina providência geral relaciona-se com o universo como um todo; sua providência particular relaciona-se com os detalhes da vida do homem.
 (e) Soberania. Deus é soberano, isto é, ele tem o direito absoluto de governar suas criaturas e delas dispor como lhe apraz. (Dan. 4:35; Mat. 20:15; Rom. 9:21.) Ele possui esse direito em virtude de sua infinita superioridade, de sua posse absoluta de todas as coisas, e da absoluta dependência delas perante ele para que continuem a existir. Desta maneira, tanto é insensatez, como transgressão, censurar os seus caminhos. Observa D. S. Clarke: A doutrina da soberania de Deus é uma doutrina muito útil e animadora. Se fosse para escolher, qual seria preferível — ser governado pelo fatalismo cego, pela sorte caprichosa, pela lei natural irrevogável, pelo "eu" pervertido e de curta visão, ou ser governado por um Deus sábio, santo, amoroso e poderoso? Quem rejeita a soberania de Deus, pode escolher ser governado dentre o que sobra.

3. Atributos morais (Deus e as criaturas morais).

Passando em revista o registro das obras de Deus para com os homens, aprendemos que:
(a) Santidade. Deus é santo. (Êxo. 15:11; Lev. 11:44, 45; 20:26; Jos. 24:19; l Sam. 2:2; Sal. 5:4; 111:9; 145:17; Isa. 6:3; 43:14,15; Jer. 23:9; Luc. 1:49; Tia. 1:13; 1 Ped. 1:15, 16; Apoc. 4:8; 15:3, 4.) A santidade de Deus significa a sua absoluta pureza moral; ele não pode pecar nem tolerar o pecado. O sentido original da palavra "santo" é "separado". Em que sentido está Deus separado? Ele está separado do homem no espaço — ele está no céu, o homem na terra. Ele está separado do homem quanto à natureza e caráter — ele é perfeito, o homem é imperfeito; ele é divino, o homem é humano; ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso. Vemos, então, que a santidade é o atributo que mantém a distinção entre Deus e a criatura. não denota apenas um atributo de Deus, mas a própria natureza divina. Portanto, quando Deus se revela a si mesmo de modo a impressionar o homem com a sua Divindade, diz-se que ele se santificou (Ezeq. 36:23; 38:23), isto é, "revela-se a si mesmo como o Santo". Quando os serafins descrevem o resplendor divino que emana daquele que está sentado sobre o trono, exclamam: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos" (Isa. 6:3). Diz-se que os homens santificam a Deus quando o honram e o reverenciam como Divino. (Num. 20:12; Lev. 10:3; Isa. 8:13.) Quando o desonram, pela violação de seus mandamentos, se diz que "profanam" seu nome — que é o contrário de santificar seu nome. (Mat. 6:9.) Somente Deus é santo em si mesmo. Descrevem-se desta maneira o povo, os edifícios, e objetos santos porque Deus os fez santos e os tem santificado. A palavra "santo", quando se aplica a pessoas ou a objetos, é termo que expressa relação com Jeová — pelo fato de estar separado para o seu serviço. Sendo separados, os objetos precisam estar limpos; e as pessoas devem consagrar-se e viver de acordo com a lei da santidade. Esses fatos constituem a base da doutrina da santificação.
 (b) Justiça. Deus é justo. Qual a diferença entre a santidade e a justiça? "A justiça é santidade em ação", esta é uma das respostas. A justiça é a santidade de Deus manifesta no tratar retamente com suas criaturas. "não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gên. 18:25). A justiça é obediência a uma norma reta; é conduta reta em relação a outrem. Quando é que Deus manifesta este atributo?
   1) Quando livra o inocente, condena o ímpio e exige que se faça justiça. Deus julga, não como o fazem os juízes modernos, que baseiam seu julgamento sobre a evidência apresentada perante eles por outrem. Deus mesmo descobre a evidência. Desta maneira o Messias, cheio do Espírito Divino, não julgará "segundo a vista dos seus olhos, nem reprovar segundo o ouvir dos seus ouvidos", mas julgará com justiça. (Isa. 11:3.)
   2) Quando perdoa o penitente. (Sal. 51:14; 1 João 1:9; Heb. 6:10.)
   3) Quando castiga e julga seu povo. (Isa. 8:17; Amós 3:2.)
   4) Quando salva seu povo. A interposição de Deus a favor do seu povo se chama sua justiça. (Isa. 46:13; 45:24,25.) A salvação é o lado negativo, a justiça é o positivo. Ele livra seu povo dos seus pecados e de seus inimigos, e o resultado é a retidão de coração. (Isa. 51:6; 54:13; 60:21; 61:10.)
   5) Quando dá vitória à causa de seus servos fiéis. (Isa. 50:4-9.) Depois de Deus haver libertado seu povo e julgado os ímpios então teremos "novos céus e uma nova terra, em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13). Deus não somente trata justamente como também requer justiça. Mas que sucederá no caso de o homem haver pecado? Então ele graciosamente justifica o penitente. (Rom. 4:5.) Esta é a base da doutrina da justificação.Notar-se-á que a natureza divina é a base das relações de Deus para com os homens. Como ele é, assim ele opera. O Santo santifica, o Justo justifica.
 [c) Fidelidade. Deus é fiel. Ele é absolutamente digno de confiança; as suas palavras não falharão. Portanto, seu povo pode descansar em suas promessas. (Êxo. 34:6; Num. 23:19; Deut. 4:31; Jos. 21:43-45; 23:14; 1 Sam. 15:29; Jer. 4:28; Isa. 25:1; Ezeq. 12:25; Dan. 9:4; Miq. 7:20; Luc. 18:7,8; Rom. 3:4; 15:8; 1 Cor. 1:9; 10:13; 2 Cor. 1:20; 1Tess. 5:24; 2 Tess. 3:3; 2 Tim. 2:13; Heb. 6:18; 10:23; 1 Ped. 4:19; Apoc. 15:3.)
 (d) Misericórdia. Deus é misericordioso. "A misericórdia de Deus é a divina bondade em ação com respeito às misérias de suas criaturas, bondade que se comove a favor deles, provendo o seu alivio, e, no caso de pecadores impenitentes, demonstrando paciência longânima" (Hodges). (Tito 3:5; Lam. 3:22; Dan. 9:9; Jer. 3:12; Sal. 32:5; Isa. 49:13; 54:7.) Uma das mais belas descrições da misericórdia de Deus encontra-se no Salmo 103:8-18. O conhecimento de sua misericórdia toma-se a base da esperança (Sal. 130:7) como também da confiança (Sal. 52:8). A misericórdia de Deus manifestou-se de maneira eloqüente ao enviar Cristo ao mundo. (Luc. 1:78.)
 (e) Amor. Deus é amor. O amor é o atributo de Deus em razão do qual ele deseja relação pessoal com aqueles que possuem a sua imagem e, mui especialmente, com aqueles que foram santificados em caráter, feitos semelhantes a ele. Notamos a descrição do amor de Deus (Deut. 7:8; Efés. 2:4; Sof. 3:17; Isa. 49:15, 16; Rom. 8:39; Osé. 11:4; Jer. 31:3); notamos a quem é manifestado (João 3:16; 16:27; 17:23; Deut. 10:18); notamos como foi demonstrado (João 3:16; 1 João 3:1; 4:9, 10; Rom. 9:11-13; Isa. 38:17; 43:3, 4; 63:9; Tito 3:4-7; Efés. 2:4, 5; Osé. 11:4; Deut. 7:13; Rom. 5:5).
 (f) Bondade. Deus é bom. A bondade de Deus é o atributo em razão do qual ele concede vida e outras bênçãos às suas criaturas. (Sal. 25:8; Naúm 1:7; Sal. 145:9;Rom. 2:4; Mat. 5:45; Sal. 31:19; Atos 14:17; Sal. 68:10; 85:5.) Escreve o Dr. Howard Agnew Johnson: "Há alguns anos fui convidado para almoçar em certa casa. O dono da casa me pediu que orasse. Depois de pedir a bênção e expressar a nossa gratidão pelos dons de Deus, ele disse com certa franqueza: "Realmente não vejo razão para isto: pois eu mesmo provi esta refeição."
Em resposta perguntamos: "O senhor nunca pensou que se falhassem a sementeira e a colheita uma só vez em toda a terra, a metade do povo morreria antes da próxima colheita? E não pensou também que se falhassem a sementeira e a colheita em dois anos sucessivos em todo o planeta, todos os homens morreriam antes da seguinte colheita?
Evidentemente assombrado, ele admitiu que nunca pensara em tal possibilidade. Então sugerimos estar muito equivocado em dizer que fora ele quem fornecera aquela refeição para nós. Ele devia a Deus a sua própria vida e as forças para ganhar o dinheiro. Deus havia posto vida no grão e no animal que usávamos como alimento, coisa que ele nunca poderia fazer. Lembramos-lhe que ele havia sido um cooperador com Deus, participando das leis divinas para suprir as nossas necessidades. Então perguntamos: "Se alguém lhe desse alguma coisa, o senhor não diria "obrigado"? E se fossem repetidas as dádivas duas ou três vezes ao dia, o senhor não diria "obrigado" cada vez'? Com isso ele prontamente concordou. "Então o senhor entende por que dizemos 'obrigado' a Deus cada vez que recebemos suas bênçãos."
A isto ele exclamou: "Ah! isto não é mais do que boa educação, sem falar em ser inteligentemente agradecido!"
Para certas pessoas a existência do mal e do sofrimento apresenta um obstáculo à crença na bondade de Deus. "Por que um Deus de amor criou um mundo cheio de sofrimento?" perguntam alguns. As considerações seguintes poderão esclarecer o problema:
1) Deus não é responsável pelo mal. Se um trabalhador descuidado jogar areia numa máquina delicada, deve-se responsabilizar o fabricante? Deus fez tudo bom mas o homem danificou a sua obra. Praticamente todo o sofrimento que há no mundo é conseqüência da desobediência deliberada do homem.
2) Sendo Deus Todo-poderoso, o mal existe por sua permissão. Nem sempre podemos compreender porque ele permite o mal, pois os seus caminhos são inescrutáveis. Ao extremamente curioso ele diria: "Que tens tu com isso? Segue-me tu." No entanto, podemos compreender parte dos seus caminhos — o suficiente para saber que ele não erra. Assim escreveu Stevenson, notável autor: "Se eu, através do buraquinho de guarita, puder enxergar com os meus olhos míopes minúscula fração do universo, e ainda receber no meu próprio destino algumas evidências dum plano e algumas evidências duma bondade dominante, seria eu, então, tão insensato a ponto de queixar-me de não poder entender tudo? não deveria eu sentir surpresa infinita e grata, pelo fato de, em um empreendimento ao vasto, poder eu entender algo, por pouco que seja, e fazer com que este pouco inspire minha fé?"
3) Deus é tão grande que pode fazer o mal cooperar para o bem. Recordemos como dominou a maldade dos irmãos de José, e de Faraó, e de Herodes, e daqueles que rejeitaram e crucificaram a Cristo. Acertadamente disse um erudito da antiguidade: "Deus Todo-poderoso não permitiria, de maneira alguma, a existência do mal na sua obra se não fosse tão onipotente e tão bom que até mesmo do mal ele pudesse operar o bem." Muitos cristãos já saíram dos fogos do sofrimento com o caráter purificado e a fé fortalecida. O sofrimento os tem impelido ao seio de Deus. O sofrimento foi a moeda que comprou o caráter provado no fogo.
4) Deus formou o universo segundo leis naturais, e estas leis implicam a possibilidade de acidentes. Por exemplo, se a pessoa descuidada ou deliberadamente se deixar cair em um precipício, essa pessoa sofrerá as conseqüências de ter violado a lei da gravidade. Mas, ao mesmo tempo, estamos satisfeitos com estas leis, pois de outra forma o mundo estaria num estado de confusão.
5) é bom lembrar sempre que tal não é o estado perfeito das coisas. Deus tem em reserva outra vida e uma época futura em que mostrará a razão de todos os seus tratados e ações. Visto que ele opera segundo a "Hora Oficial Celestial", às vezes pensamos que ele esteja tardando, mas "bem depressa" fará justiça a seus escolhidos. (Luc. 18:7, 8.) Não se deve julgar a Deus enquanto não descer a cortina sobre a última cena do grande Drama dos Séculos. Então veremos que "Ele tudo fez bem".

(**)
Retirado do Livro: Conhecendo as Doutrinas da Bíblia
Myer Pearlman - Editora Vida, 2006

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