sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Descansou Deus

Gênesis 2. 1 ao 3
 1 Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados.
E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.

Estes versículos são frequentemente apresentados por aqueles que realizam a guarda do sábado, alegando que Deus o santificou porque descansara nesse sétimo dia.
Muito interessante a abordagem, pois a primeira pergunta que vem à mente de um ser humano normal, lógico, racional é: Deus descansa? De que? Ele se cansa? Só descansa, no sentido de ter um tempo tranquilo, ausente de trabalho, quem está cansado, não é mesmo?
Assim, surge outra dúvida, ainda no campo da lógica: que tipo de descanso estaria se referindo a Palavra de Deus nesse texto? Isso precisa ser analisado à luz da própria Bíblia.
Dois raciocínios existem a partir disso: se for descanso de ficar parado em casa, relaxando, sem fazer nada, como defende algumas religiões, então se presume que Deus se cansa. Se ele não se cansa, então se presume, também, que não era esse tipo de descanso a que se refere a Bíblia Sagrada. Vejamos outras referências:

Salmos 121.4 Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
Isaias 40.28:: Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Como a Bíblia não se contradiz, Deus não poderia descansar do modo que entendemos. Ele não se cansa, ele não se fatiga. O que o próprio Deus quis ensinar, então, com a questão de ter descansado no sétimo dia?
Deus queria estabelecer um ser com quem pudesse ter comunhão. Tanto é que apenas, no homem, Deus sopra fôlego de vida (o espírito do homem – ver Zc 12.1). Em Efésios 1.4, a Bíblia nos exorta que o propósito de Deus com o Homem era que fôssemos santos e irrepreensíveis Nele em amor.
Assim, o livro de Gênesis nos ensina que terminada a criação (em particular do HOMEM, que foi a última obra criada, Deus descansou).
Veja que no verso que fala do término da criação, diz que ELE ACABOU A SUA OBRA NO PRÓPRIO SÉTIMO DIA (E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera). Ele não acabou no sexto, mas no sétimo mesmo. E no próprio sétimo dia descansou! Isso nos dá o direito de dizer que no sétimo dia ele trabalhou e no mesmo sétimo dia descansou, que não é o descanso como entendemos, mas sim o descanso de ter cumprido seu propósito: ter alguém para ter comunhão, alguém para ter intimidade. Esse alguém era o HOMEM!
A própria palavra descanso vem do hebraico como repouso (shabbat) que depois muitos traduziram como sábado. Uma coisa é o sábado dia da semana, outra coisa é o sábado repouso, descanso. Em português, tanto Descanso como Sábado (dia da semana) foram traduzidos de Shabbat, do hebraico. Em inglês isso não acontece. Quando se tem a palavra Shabbat, a palavra traduzida é Resting (descanso), quando se tem como dia da semana, então é Saturday (sábado, dia da semana).
Ora, mas e depois que o pecado entrou no mundo? E o propósito de Deus, ensinado por Paulo em Efésios 1.4? Paulo diz em Romanos 5 que por um só homem (Adão) entrou o pecado no mundo e fomos separados da GLÓRIA DE DEUS. O descanso de Deus se encerrou. Em Romanos 3.23, Paulo diz que nós fomos destituídos da glória de Deus. Deus então perdeu seu repouso mais uma vez, perdeu seu descanso.
O propósito de Deus continuava o mesmo. Ele precisava de repouso. A Glória manifesta ao homem na criação devia ser restaurada.
A partir de então, Deus passou a estabelecer alianças com o homem de modo a retornar a situação original da comunhão que tinha com Adão. Se observarmos o salmista quando diz : “Levanta-te, SENHOR, ao teu repouso, tu e a arca da tua força” (Sl 132.8), veremos que havia essa preocupação no passado de achar repouso ao Senhor, fosse nas tendas do deserto com Moisés ou mesmo depois no templo, ou, ainda, neste caso, em que Davi estava procurando lugar para a Arca do Concerto.
Mas, o mais lindo disso é o que o salmista afirma neste mesmo capítulo quando diz: “Porque o SENHOR escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo: Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei”. (Sl 132.13 e 14) e ao ligarmos ao que o escritor de Hebreus nos ensina, lá na carta aos hebreus, no capítulo 12, 22 ao 24, quando afirma: “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”, podemos entender que nós, a igreja, somos a Sião de Deus, somos o resultado da obra de Jesus Cristo, e ELE nos escolheu para seu repouso. Que glória. Eu e você somos o repouso de Deus.
No mesmo livro de Hebreus, no capítulo 4, vemos claramente nos versos de 9 a 11 o seguinte: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.”
Concluímos, então, que somos o repouso do Deus vivo, que nos providenciou seu repouso, Jesus Cristo. Isso faz nosso coração explodir de alegria, pois se por um homem (Adão) Deus perdeu seu repouso no coração do homem, por outro homem (Jesus) ele restabeleceu a glória da segunda casa, dando-nos nosso repouso (Cristo Jesus) e nos tornando seu repouso. Pense nisso, Deus descansou de sua obra, Deus descansa em você irmão. Entende isso? Quão profundo é pensar que o Criador descansa (de fato, repousa) em mim!

Aureo Ribeiro Vieira da Silva

Caso use ou reproduza esta mensagem, não esqueça nunca de citar a fonte de onde foi retirada.



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