Gênesis 2. 1
ao 3
1 Assim os céus, a terra
e todo o seu exército foram acabados.
2 E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que
fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou;
porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
Estes versículos são
frequentemente apresentados por aqueles que realizam a guarda do sábado,
alegando que Deus o santificou porque descansara nesse sétimo dia.
Muito interessante a abordagem,
pois a primeira pergunta que vem à mente de um ser humano normal, lógico,
racional é: Deus descansa? De que? Ele se cansa? Só descansa, no sentido de ter
um tempo tranquilo, ausente de trabalho, quem está cansado, não é mesmo?
Assim, surge outra dúvida, ainda
no campo da lógica: que tipo de descanso estaria se referindo a Palavra de Deus
nesse texto? Isso precisa ser analisado à luz da própria Bíblia.
Dois raciocínios existem a partir
disso: se for descanso de ficar parado em casa, relaxando, sem fazer nada, como
defende algumas religiões, então se presume que Deus se cansa. Se ele não se
cansa, então se presume, também, que não era esse tipo de descanso a que se
refere a Bíblia Sagrada. Vejamos outras referências:
Salmos
121.4 Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
Isaias 40.28:: Não sabes, não
ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se
cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.
Como a Bíblia não se contradiz,
Deus não poderia descansar do modo que entendemos. Ele não se cansa, ele não se
fatiga. O que o próprio Deus quis ensinar, então, com a questão de ter
descansado no sétimo dia?
Deus queria estabelecer um ser
com quem pudesse ter comunhão. Tanto é que apenas, no homem, Deus sopra fôlego
de vida (o espírito do homem – ver Zc 12.1). Em Efésios 1.4, a Bíblia nos
exorta que o propósito de Deus com o Homem era que fôssemos santos e
irrepreensíveis Nele em amor.
Assim, o livro de Gênesis nos
ensina que terminada a criação (em particular do HOMEM, que foi a última obra
criada, Deus descansou).
Veja que no verso que fala do
término da criação, diz que ELE ACABOU A SUA OBRA NO PRÓPRIO SÉTIMO DIA (E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera). Ele não acabou no
sexto, mas no sétimo mesmo. E no próprio sétimo dia descansou! Isso nos dá o
direito de dizer que no sétimo dia ele trabalhou e no mesmo sétimo
dia descansou, que não é o descanso
como entendemos, mas sim o descanso de ter cumprido seu propósito: ter alguém
para ter comunhão, alguém para ter intimidade. Esse alguém era o HOMEM!
A própria palavra descanso vem do
hebraico como repouso (shabbat) que depois muitos traduziram como sábado. Uma
coisa é o sábado dia da semana, outra coisa é o sábado repouso, descanso. Em
português, tanto Descanso como Sábado (dia da semana) foram traduzidos de
Shabbat, do hebraico. Em inglês isso não acontece. Quando se tem a palavra
Shabbat, a palavra traduzida é Resting (descanso), quando se tem como dia da
semana, então é Saturday (sábado, dia da semana).
Ora, mas e depois que o pecado
entrou no mundo? E o propósito de Deus, ensinado por Paulo em Efésios 1.4?
Paulo diz em Romanos 5 que por um só homem (Adão) entrou o pecado no mundo e
fomos separados da GLÓRIA DE DEUS. O descanso de Deus se encerrou. Em Romanos
3.23, Paulo diz que nós fomos destituídos da glória de Deus. Deus então perdeu
seu repouso mais uma vez, perdeu seu descanso.
O propósito de Deus continuava o
mesmo. Ele precisava de repouso. A Glória manifesta ao homem na criação devia ser
restaurada.
A partir de então, Deus passou a
estabelecer alianças com o homem de modo a retornar a situação original da
comunhão que tinha com Adão. Se observarmos o salmista quando diz : “Levanta-te,
SENHOR, ao teu repouso, tu e a arca da tua força” (Sl 132.8), veremos que havia
essa preocupação no passado de achar repouso ao Senhor, fosse nas tendas do
deserto com Moisés ou mesmo depois no templo, ou, ainda, neste caso, em que
Davi estava procurando lugar para a Arca do Concerto.
Mas, o mais lindo disso é o que o salmista
afirma neste mesmo capítulo quando diz: “Porque o SENHOR escolheu a Sião; desejou-a
para a sua habitação, dizendo: Este é o meu repouso para sempre; aqui
habitarei, pois o desejei”. (Sl 132.13 e 14) e ao ligarmos ao que o
escritor de Hebreus nos ensina, lá na carta aos hebreus, no capítulo 12, 22 ao
24, quando afirma: “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém
celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança,
e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”, podemos
entender que nós, a igreja, somos a
Sião de Deus, somos o resultado da obra de Jesus Cristo, e ELE nos escolheu
para seu repouso. Que glória. Eu e você somos o repouso de Deus.
No mesmo livro de Hebreus, no capítulo 4,
vemos claramente nos versos de 9 a 11 o seguinte: “Portanto, resta ainda um repouso
para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio
repousou de suas obras, como Deus das suas. Procuremos, pois, entrar naquele
repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.”
Concluímos, então, que somos o repouso do
Deus vivo, que nos providenciou seu repouso, Jesus Cristo. Isso faz nosso
coração explodir de alegria, pois se por um homem (Adão) Deus perdeu seu
repouso no coração do homem, por outro homem (Jesus) ele restabeleceu a glória
da segunda casa, dando-nos nosso repouso (Cristo Jesus) e nos tornando seu
repouso. Pense nisso, Deus descansou de sua obra, Deus descansa em você irmão.
Entende isso? Quão profundo é pensar que o Criador descansa (de fato, repousa)
em mim!
Aureo Ribeiro Vieira da Silva
Caso use ou reproduza esta mensagem, não esqueça nunca de citar a fonte de onde foi retirada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário