domingo, 14 de março de 2021

Ó insensatos II

 Ao concluir a primeira mensagem sobre a questão do fascínio que os falsos pregadores exercem sobre suas plateias, mostrei que esse fascínio exerce um magnetismo sobre as pessoas e elas acabam aceitando mentiras e falsos ensinos. O texto é simplesmente uma forte admoestação:

Ó INSENSATOS gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós?

 Chama-nos a atenção porque, ao repreender os gálatas, ele mostrou que o fascínio por aqueles que “vos fascinou” era a verdadeira razão pelo desvio que cometeram ao abandonar a graça e pela volta aos rudimentos da lei (Gal 4.9). Esse fascínio transforma as pessoas. Em uma primeira etapa, elas passam a seguir o ensino falso que lhes é passado. Mas não para por ai.

O fascínio exercido por determinados líderes é capaz de transformar as pessoas. Elas passam a aceitar naturalmente coisas que não aceitariam em uma situação de normalidade. Vou exemplificar com o caso dos gálatas.

A igreja da Galácia (região da Anatólia, na Turquia, que hoje seria próximo à capital política daquele país, Ancara) teve uma experiência tremenda com a justificação pela fé e com a operação de milagres. Paulo nos mostra isso no versículo 5 do mesmo capítulo 3, quando diz que: “aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?”. Aquela igreja havia experimentado operações de maravilhas em seu meio, ou seja, era uma igreja poderosa, e, nessa mesma direção, isso se operava por meio da fé que exerciam no Senhor Jesus e não pelas obras da lei.

Porém, ao permitir que determinados líderes – por meio do fascínio que exerciam – introduzissem ensinos que regrediam na graça de Cristo, fazendo-os voltarem à legalidade da antiga aliança, deixaram de obedecer à verdade. É claro que, na mente deles, eles não estavam fazendo nada de errado, até que Paulo os reencontra e se escandaliza com o que vê, tendo que os repreender veementemente.

Isso se repete em nossos dias. Muitos há tempos abandonaram a graça e a pregação da fé e introduziram falsos ensinos e falsas doutrinas, justamente pelo fascínio com que cativam as pessoas.

É comum vermos igrejas sendo usadas como centros de treinamento empresarial, locais para “baladas gospel”, gente que, em transe demoníaco (a pessoa acredita ser o Espírito Santo, mas quem recebe o Espírito Santo jamais perde consciência, o que acontece na maioria das vezes - I Cor 14.32) , anda de quatro pelo chão do templo, imitam gestos de animais, giram o corpo como se fossem piões e situações similares.

Alguns transformam o louvor em salão de samba, inúmeras igrejas pentecostais são dirigidas por homens e mulheres completamente despreparados (mas que sabem exercer fascínio sobre suas plateias), com rituais completamente fora do culto racional e mais parecidos com terreiros de umbanda, centenas e centenas de pessoas usando redes socais para “supostamente” entregarem o “recado de Deus”, e quando paramos para ouvir não tem nada, são apenas robôs que repetem o tempo todos frases em forma de mantras, pregadores que abertamente contam piadas e as plateias embriagadas riem e ainda acham que aquilo é unção de Deus, enfim, uma tragédia completa.

Uma ocasião, enviaram-me prints de uma rede social em que o líder de uma grande igreja de Manaus, um apóstolo, fazia um leilão de coisas que haviam sido de seu uso pessoal: gravatas, relógios, canetas e outros. A reação dos seus liderados ou discípulos, como ele mesmo dizia, era pior que a do próprio líder. Os mesmos pareciam como fãs adolescentes em um show de seu “ídolo”. Se aquilo fosse uma igreja, como nos é ensinado em Efésios, então eu nunca mais saberei o que é uma igreja.

Mas a pergunta que sempre faço é: como isso pode ser possível? Essas pessoas, como diria um bom calvinista, jamais foram convertidas. Bom, para aceitarmos essa teoria, seria necessário rasgarmos o livro de Gálatas, pois Paulo é muito claro que eles receberam a fé e depois se desviaram. Paulo é muito claro quando nos mostra que os gálatas haviam sido salvos, isto é, eram convertidos. Ele disse:

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. (Gal 1.6).

 

 

Ora, os gálatas estavam na graça de Cristo. Ora se estavam é porque haviam experimentado a salvação e a fé. Porém, ainda segundo Paulo, desviaram-se para um outro evangelho. Por isso, exatamente, ele os reprendeu: “ó, insensatos (loucos) gálatas”.

Veja que uma igreja que era sadia afastou-se da pregação da fé e passou para a pregação legalista, ou seja, passou a defender uma mentira, afastando-se da verdade. Para eles, tudo corriam normalmente. Para Paulo não: tudo estava muito mal. Começaram bem para acabar mal.

Hoje, você pode compreender a razão pela qual muita coisa ridícula, insana, estranha, liturgias malignas, antropocentrismo no púlpito, humoristas ridículos, templos escurecidos, paredes pretas, doutrinas de demônios, baladas gospel, pregadores de mídias sociais e falas mansa, ecumenismo generalizado, etc etc etc (a lista é gigante) passam a ser absolutamente naturais e normais para muita gente: pessoas fascinadas, enfeitiçadas por falsos mestres e falsas doutrinas, transformam igrejas sanas em uma grande agremiação social.

 

Pr Aureo Ribeiro

Esta mensagem pode ser usada, impressa, republicada, mas qualquer que seja o uso deve-se citar a fonte.

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