O texto de João 3.16 é uma
citação de Cristo Jesus a um fato ocorrido quando o povo de Israel estava no
deserto. Observe que Jesus introduz a ideia central de João 3.16, dizendo: “e, como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
homem seja levantado”. Jo 3.14
Ora, buscar qualquer outro
sentido a esse versículo sem conectá-lo ao fato vivido com Moisés é forçar a
hermenêutica e produzir uma “eixegese”, e nunca uma correta exegese.
Normalmente, a discussão foca na interpretação do “todo aquele que crê não pereça”, sendo, por alguns calvinistas, apresentada a ideia que esse “todo aquele que crê”, na verdade, seria o conjunto todo dos eleitos à salvação e não o mundo todo. Até porque isso iria contra a própria soteorologia calvinista, onde o homem só crê se for regenerado antes por Deus. Não é possível simplesmente crer, sem que antes seja regenerado. Logo, não seria possível esse “todo aquele que crê”, pois os não eleitos não poderia crer.
Contudo, se voltarmos
nossos olhos ao texto de Números, vemos que a serpente ardente feita por Moisés
e colocada na haste era a exata figura de Cristo Jesus, pois o verso 14 de João
3 assim apresenta: “...que o Filho do homem seja Levantado”. Só depois dessa
analogia, Jesus prossegue para falar do amor de Deus ao mundo nos versos 15 e
16.
Portanto, o que se precisa
esclarecer era o conjunto de pessoas que seriam salvas ao olharem para a
serpente. O que o texto nos diz? Vejamos:
6 Então o SENHOR mandou
entre o povo serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em
Israel. 7 Por isso o povo veio a Moisés,
e disse: Havemos pecado porquanto temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora
ao SENHOR que tire de nós estas serpentes. Então Moisés orou pelo povo. 8 E disse o SENHOR a Moisés: Faze-te uma
serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que,
tendo sido picado, olhar para ela. 9
E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia
que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de
metal, vivia. (Números 21, 6 a 9).
Destaca-se, aqui, parte do
verso 8, onde se lê: “será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar
para ela”. Aqui é, ainda a ordem de Deus. Foi o que ocorreu.
Quem se salvava?
Simplesmente quem olhava para a serpente. Há algum indicativo no texto que
apenas algumas pessoas olhariam para a serpente? Há alguma possível referência
que somente os “eleitos” olhariam para a serpente? Claro que não. Qualquer
pessoa que olhasse para a serpente levantada por Moises seria salva.
Pronto. Na verdade, se houvesse alguns
eleitos que seriam escolhidos para olhar para a serpente, teríamos uma das
coisas mais bizarras da Bíblia: “eleitos no universo dos eleitos”, pois,
naquele momento, a salvação não se havia revelado e os eleitos eram o próprio
povo de Israel.
Com isso, fica claro que,
quando Jesus menciona “todo o que crê” é a exata expressão do “todo que olhar”
do texto de Números. Nessa mesma direção, profetizou Isaias, analogamente ao
caso das serpentes de Números, dizendo: “Olhai para mim, e sereis
salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro” (Isaías 45.22).
Com isso, está muito claro
que essa teologia calvinista em relação a João 3.16 é muito forçada. Não se
refere e nunca se referiu a um grupo de eleitos que podem crer, mas a qualquer
um que, como os israelitas que olharam para a serpente levantada por Moisés,
olharem para Jesus e crerem, no coração, que Deus o ressuscitou dentre os
mortos e confessar ao Senhor Jesus (Romanos 10.9).
AUREO RIBEIRO
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